8/25/2004

Perc Pan
Saiu a programação do 11º Perc Pan. O evento não tem mais a importância que teve anos atrás, mas ainda merece uma conferida. A satrações desse ano são: Suzano & Alex Meireles, Peu Meurray, Palo Flamenco, Giovanni Hidalgo, B Negão e Explosão de Elite e Tony Allen. O Perc Pan acontece de 16 a 18 de setembro, na Sala Principal do TCA. Os ingressos para os shows custam R$ 10.

8/17/2004

A velha e a nova música brasileira

- O grande e pouco ouvido Sérgio Sampaio vai ter um disco inédito lançado quase dez anos após sua morte. O traste do Zeca Baleiro parece que vai dar algum sentido a sua proximidade com a música. O maranhense metido a estrela da MPB vai produzir o disco, tirado de fitas e gravações inéditas de Sampaio. Soube que essas gravações circulam pela internet, conheci um cara no tal do Orkut que diz ter. Para quem não sabe, Sérgio Sampaio é autor do megahit do passado "Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua"

- Monsueto Menezes é outro daqueles caras da música brasileira, genial, mas não muito conhecido. Talvez a tal crise da indústria ajude a reerguer esses grandes nomes. Pois Monsueto que tem versões de suas músicas (principalmente "Mora na Filosofia", "Me Deixa em Paz" e "Eu Quero Essa Mulher") cantadas por nomes como Caetano Veloso, Luis Melodia, Milton Nascimento e Alaíde Costa, além de nomes de gerações mais novas como Virna Lisi e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta. Humorista, artista plástico, cantor e compositor, Monsueto foi homenageado recentemente no Prêmio Rival BR, com exibição de de trechos de filmes que participou e um show. Mais. O disco Bigorrilho, lançado em vinil pela Polydor entre 1963 e 1964, vai ser relançado em CD pela Universal até o fim do ano. O álbum traz faixas como "Jorge Veiga Bigorrilho" (Sebastião Gomes/ Romeu Gentil/ Paquito), sucesso do carnaval de 63, "O Malhador" (Donga/ Pixinguinha/ Valfrido Silva), matriz da faixa-título, o afro-samba pioneiro "Aruanda" (Carlos Lyra/ Geraldo Vandré), "Pula Baú" (Jorge Ben) e inéditas (na época) do próprio Monsueto, "Quero o Meu Nariz", "Casa de Chá", "Olho Grande" e "Resfriado". O disco, uma raridade nos dias de hoje, ressurge pelas mãos do pesquisador Rodrigo Faor.

- Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum). Este é o nome do primeiro disco de Jorge Ben Jor no milênio. Oito anos depois de seu último álbum com músicas inéditas, Benjor acerta, não na mosca, mas supera os trabalhos que vinha fazendo e mostra ainda ter fogo para queimar. Com várias referências ao maior de seus clássicos, o antológico "A Tábua de Esmeraldas", o velho Jorge utiliza eletronices, vozes femininas, muita percussão e coloca o samba a frente do funk.
"Mexe-Mexe" (anteriormente gravada pelo Mundo Livre S/A) abre o disco dando uma pista do que virá adiante. A velha forma de falar das mulheres, num misto de sensualidade e sensibilidade. Como em "Janaína", onde num gostoso sambinha pra dançar a dois canta: "por isso quando ela passar, ninguém mexe que tem dono/ está comigo, pode olhar, mas sem tocar" ou na homenagem talvez não tão merecida a Astrid Fontenelle. Referência a "Umbabarauna" em "Tupinambás", com um coro feminino e por ai vai. O velho Babulina mostra que não perdeu toda criatividade.

- Tem mais um grande nome da música brasileira retornando. Arnaldo Baptista, acreditem, vai lançar disco novo com músicas inéditas. "Let it Bed" é o nome do álbum, primeiro de Arnaldo em mais de 15 anos. O trabalho virá encartado na quinta edição da revista “OutraCoisa”, editada por Lobão e prevista para chegar as bancas nos próximos meses. Constam do repertório canções inéditas do ex-Mutantes, um spiritual negro do início do século 20 e uma paródia do artista para o samba clássico "Favela", que passou a ser chamada de "Fivela". O disco tem dois músicos convidados, mas Arnaldo toca todos os instrumentos. Gravado no sítio de Arnaldo, o CD tem produção de John (Pato Fu) e Rubinho Troll que inseriram alguns timbres eletrônicos ao trabalho.


- A Farsa do Samba Nublado é o título do terceiro e novo disco do alagoano Wado, que deve chegar às lojas em setembro pela Outros Discos, agora sob o nome Wado e Realismo Fantástico, a banda que o acompanha. Segundo o próprio Wado esse novo trabalho está mais próximo do primeiro disco Manifesto da Arte Periférica, mas é mais estúpido, mais tenso e com letras longas. "Um disco de dúvida que trata de oscilações de humor e fé e mais rock", afirma Wado. A Farsa do Samba Nublado possui doze músicas, entre composições próprias e versões do carioca Luis Capucho e da banda Oito de são Paulo. Tem ainda participações especiais de nomes como Hugo Hori, do Funk como Le Gusta; o pessoal do grupo Bojo e o Minima, ambos de São Paulo.

8/15/2004

DOMENICA POP

Para quem encara os finais das tardes de domingo apenas como momento para se preparar pra recomeçar a rotina da semana,pode mudar de planos. Periodicamente, aos domingos, o Projeto Domenica Pop coloca na agenda dos fãs de música pop e de rock uma série de shows com as principais bandas baianas de ambos os estilos, que recebem uma banda iniciante ou uma visitante. A estréia do projeto, que acontece no próximo domingo (dia 22), presenteia o público com o reencontro de duas das melhores bandas da nova safra, Brinde e Soma, com show de abertura da novata Partido Alto. O Domenica Pop, que exibirá ainda videoclipes e shows inéditos, será realizado no bar TangoLomango (Rua Alagoas, nº58, na Pituba). Os shows começam sempre às 18 horas em ponto e terminam às 22 horas. O preço é de apenas R$5 (cinco reais).

O projeto é uma boa oportunidade para conhecer bandas que trafegam entre a linguagem pop e os ruídos das guitarras do velho e o bom rock´n´roll. Bandas que vem ganhando respeito e espaço em festivais e na mídia Brasil afora. Bandas como a Brinde, que traz fortes influências do rock dos anos 60, em especial os Beatles, e o Brit Pop dos anos 90, de nomes como Oasis e Blur. Formado por três jovens músicos, Henrique Neves (vocal e guitarra), Leno Blumetti (baixo) e Voltz (bateria), o grupo apresenta um guitar rock altamente pop, lindas melodias e refrões para cantar junto.

A Brinde lança ainda este mês seu primeiro CD, "Histórias sem Meio, Começo e Fim", que será lançado por um dos principais selos independentes do Brasil, o Mostro Records, de Goiânia. Apontada como revelação no último Festival de Verão com direito a duas matérias no Jornal Hoje (Rede Globo), ogrupo estará no próximo mês num festival em Recife e, em novembro, será uma das atrações do Goiânia Noise, um dos maiores festivais de rock do país. Formada em 2001, a banda já se apresentou em diversas capitais, como Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília e Aracaju sempre com boa receptividade de público e crítica.

A Soma é outra banda que vem chamando atenção. Com um EP, "Eu, o Alien", lançado pelo selo baiano Big Bross, o quarteto - formado por Rafael (voz , guitarra), Josh (guitarra), Rogério (baixo, backing vocals) e Duda (bateria) - também foi destaque em outras capitais (Rio de Janeiro e Goiânia, por exemplo). A música do grupo tem influências no rock inglês dos anos 90, de bandas como Radiohead e Oasis, e do canadense Jeff Buckley. O resultado é um trabalho autoral com canções elaboradas, carregadas de melancolia, com letras profundas e recheadas de emoção. A banda está preparando trabalho novo a ser lançado ainda este ano.

Além de reunir bandas consagradas, a proposta do Domenica Pop é de apresentar novidades e apresenta em sua primeira edição a banda Partido Alto. Se engana quem pensou em samba. Nada disso. A banda, que conta com Bruno (guitarra e voz), João (baixo) e Lucas (bateria), faz rock, rock dos bons, com influência de gente do quilate de Pixies, Los Hermanos, Beatles, Pavement e Mundo Livre S/A.

Ficha técnica:

O que: Domenica Pop
Quem: Soma, Brinde (show de abertura: Partido Alto)
Onde: Bar Tangolomango (Rua Alagoas,58 - Pituba)
Quando: 22 de agosto (domingo)- 18 horas
Quanto: R$5


Tenho que falar disso aqui.
A Peligro Discos vai lançar no Brasil o já clássico "In the Aeroplane Over the Sea", da banda Neutral Milk Hotel. Pra mim o melhor disco dos últimos 10 anos.
Já comentei sobre a banda aqui meses atrás. O disco custará 35 reais, dinheiro muito bem investido.

8/10/2004

Para ir dormir (ou acordar) mais feliz

- Pixies vai gravar disco novo com produção de Tom Waits (leia aqui)

- O Dead Billies vai fazer show único e exclusivo no Goiânia Noise, que terá também shows do Cramps, MC5 e Guided By Voices. Há ainda a possibildade do Le Tigre e do New York Dolls.

- O Replicantes já está com o disco novo gravado

- Confirmado. O novo disco de Arnaldo Baptista seráencarte da próximaedição da Revista Outra Coisa.


8/05/2004

Mosh - Atitude, Informação e muita música!
Surpresa!. Não imaginava tão cedo ter uma surpresa tão positiva com uma revista sobre música. Com tantas publicações que rolam pelo país, a Mosh conseguiu se destacar e muito. Ótima diagramação e os textos mais bacanas desde que a Bizz faleceu. A sensação é de finalmente estar lendo uma revista profissional de música. Isso porque não precisou se apegar a uma ideologia (que também pode ser legal, mas acaba deixando de lado esse aspecto mais profissional e se assemelhando a um fanzine) de ter que defender o independente, de lutar contra a indústria. A revista quer apenas falar de música, não de uma cena, um tipo, da música de uma época e de um tipo de gosto, e fala muito bem. Os melhores textos que leio desde que tantos nomes bacanas que escreviam para a Bizz sumiram. Régis Tadeu é o editor e o nome principal, autor de textos divertidos, inteligentes e muito bem escritos. Daqueles que atiçam você a querer ter aquele disco urgentemente ou faz você rir muito com o sarcasmo frente a uma obra de gosto duvidoso. A revista traz matérias bem interessantes e uma seção de críticas de verdade, não meras resenhas. Cobertura sobre a volta do Pixies, com um texto-documento sobre a história da banda e seu retorno; matéria sobre o poeta Paulo Leminski; texto sobre o Orkut, outro falando da retomada do blues na vida de Eric Clapton e Aerosmith, outro sobre o simpático Dave Grohl, e seu novo projeto; além de uma hilária, bem escolhida e imperdível lista dos 50 piores discos do Rock e do Pop, que faz qualquer um rir, mesmo ao se deparar com discos de gente boa como John Lennon, Paul McCartney, Lou Reed, The Clash, Neil Young, Rolling Stones e Frank Zappa misturado com um monte de porcaria. A revista é fácil de achar nas bancas e no Rio já está no número cinco. Longa vida.

8/02/2004

A grande industria, a pirataria, o jabá e a ignorância

Mais uma vez os números apresentados recentemente pela indústria fonográfica sobre a pirataria causam alarde. Segundo um estudo realizado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), um em cada três CDs vendido no planeta é pirata. Só no ano passado, um bilhão de CDs piratas foram comercializados, rendendo US$ 4,5 bilhões e representando 15% do total do mercado fonográfico. O estudo indica ainda que a pirataria cresceu 4% em 2003 numa relação com o ano anterior. No Brasil, a pirataria cresceu 9%, ao tempo que o mercado de CDs originais caiu 25%. A tal crise amplamente alarmada pela indústria, no entanto, não apresenta em seus números o lucro das gravadoras que foi de US$ 33,7 bilhões em 2001.

Outro dado não revelado pela indústria e seus estudos, é que nos países onde a produção e o consumo nacional são fortes, a pirataria é maior. Nos países que consomem mais produtos internacionais, a pirataria diminui. No Brasil, onde 80% das vendas é representado por artistas nacionais, a pirataria é enorme. Já a Áustria, por exemplo, está no grupo de países onde a produção internacional representa 90% do mercado, ao mesmo tempo em que pertence ao grupo onde a pirataria representa menos do que 10%. O que indica que a grande indústria não dá conta das produções locais, que trabalham a divulgação de seus trabalhos através de discos considerados piratas. O estudo da IFPI afirma que os principais países com piratraia são Brasil, China, Taiwan, Ucrânia, Tailândia, México, Paraguai, Paquistão, Rússia e Espanha.

E para quem ainda não se deu conta que não existem “As Mais Pedidas” e que isso é apenas fruto de uma taxa que as gravadoras pagam para as rádios, é bom se informar. Difícil o jabá acabar por força de uma lei, pois existem formas de burlar a fiscalização e continuar pagando para uma música ser executada. Mas criminalizar a prática é um grande avanço e deve inibir a ação. O projeto de Lei do Deputado Fernando Ferro (PT/PE) que sugere a criminalização do jabá acaba de receber parecer favorável na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.

Mas a própria crise na indústria fonográfica está diminuindo o impacto do jabá. Para ilustrar, uma história. A banda pernambucana Mundo Livre já tem cerca de duas décadas, mas mesmo com cinco discos gravados nunca teve suas músicas executadas nas rádios de Recife. A coisa mudou, com o dinheiro para “marketing” curto, as gravadoras ficaram sem verba para “investir” nas rádios fora do eixo Rio-São Paulo. Sem a programação imposta pelas gravadoras, os programadores ficaram com espaço livre e para ocupar estão buscando os artistas da região e os independentes. Resultado, a Mundo Livre passou a freqüentar as rádios recifenses.