12/27/2003

PRÊMIO ROCK INDEPENDENTE 2003

Os sites Musicbox, Bahiarock, Discoteca Narcisista e a gente aqui do el Cabong estão promovendo o Prêmio Rock Independente Bahia (Versão 2003), com o intuito de eleger os destaques do ano na cena local. Para votar é simples. Cédulas de votação estarão disponíveis nos principais shows de rock da cidade e, em breve, nas lojas independentes do ramo (Berinjela, Maniac, Mutantes, Pérola Negra, São Rock). Vão pensando em quem votar, veja as categorias com os respctivos candidatos:

*Banda - livre escolha

* Disco - Adcional; Automata; Drearylands ("Heliopolis"); Jurema; The Honkers ("Between The Devil..."), Los Canos ("O Meu Hobby é Te Amar"); Movidos a Álcool ("Vamos Biritar"); Plexus; Soma & danteinferno; Zambotronic ("Eu Não Tô no Top Ten")

* Selo - Big Bross; Estopim; Frangote; Maniac; Radioative Hippies

* Revelação - Adcional; A Grande Abóbora; Automata; Los Canos; Mutation Lb; Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta

* Banda Ao Vivo - Drearylands; The Honkers; Nancyta e OS Grazzers; Retrofoguetes; Soma; Zambotronic

* Evento - Big Hits; Mad Zoo; Musicbox; Outono Alternativo; Rock Yemanjá; Sexta Básica

* Site - Bahiarock; El Cabong; Discoteca Narcisista; Musicbox, Reidjou

* Veículo de Comunicação - Curto-Circuito (Transamérica FM); Punkada Rock (Metrópole FM); Rádio Facom; Rock em Geral (Educadora FM); Todos os Tons (TV Salvador)

* Espaço para Show - Blue House; Calypso; Galeria do Rock; Havana; SESI; Teatro da Praia

* Loja - Berinjela; Maniac; Mutantes; Pérola Negra; São Rock

* Show de Banda Visitante - Autoramas; Dance of Days; Estrume'n'tal; Holy Sagga; Vamoz!; Violins

12/16/2003

Ninguém duvida e questiona da força e importância do talento de Tom Zé, muito menos da qualidade de sua música. Mas o baiano de Irará vem entrando nos últimos anos num campo perigoso. Aos 67 anos já consolidou seu trabalho como um dos mais fundamentais da história da música brasileira. Ousado, versátil, inteligente, gozador e criativo, mas que vem dando sinais de perder o impacto e a capacidade criativa de tempos atrás. Normal, diria a maioria. Para o que ele já produziu é verdade, pode cometer vários erros que está no crédito. Os trabalhos mais recentes do cantor e compositor continuam revelando letras ácidas, com críticas a globalização, violência, Bush e por ai vai. O problema é que a forma sutil e mais inteligente de outros tempos foi subistituída por letras mais diretas e que parecem desesperadas em ser entendidas. Pode até ser uma opção, acredito até que seja. Prova disso é o próprio título do álbum mais recente "Imprensa Cantada", como se ele quisesse cantar e mostrar através da música o que vê diariamente nas páginas dos periódicos. Assim mesmo, são trabalhos que mostram um Tom Zé bem menos inspirado, como quando canta "Companheiro Bush" ou "Urgente pela Paz", que poderia estar em qualquer campanha da rede Globo em prol da paz.
Junte a isso o fato das apresentações do baiano passar a ser encarado como show de um menestrel engraçadinho do quilate de um Juca Chaves. Não desmerecendo o narigudo baiano de adoção, mas o trabalho de Tom Zé está num patamar bem superior. Claro, ele não é culpado, o público nos dias de hoje parece não estar feliz com a vida e ri de tudo, até do que não deve. É o riso social que falei aqaui mesmo num outro comentário. O show de Tom Zé sempre foi crítico, com bom humor e com música de alta qualidade. Mas corre o risco da música e suas magníficas composições ficarem em segundo plano e ele se tornar uma caricatura.
No último fim-de-semana, Tom Zé fez uma temporada de shows em Salvador, no Teatro da Casa do Comércio. Bom show, mas quem já viu outros notou como as músicas novas são inferiores, como as antigas fazem falta e pior, fica a impressão que ele se conformou com a idade e se satisfaz em divertir o público, botando ele para cantar e fazendo rir. Será que síndrome da idade que afeta 9 entre 10 artistas consagrados da música brasileira atingiu Tom Zé? Espero que não.

12/12/2003

Salvador é impressionante, vive altos e baixos bem polarizados. Enquanto em alguns finais de semana não tem nada, em outros acontece tudo de uma vez. Para mim ninguém dedveria marcar nada durante o Mercado Cultural, mas fazer o que? Acabei perdeendo pela primeira vez um show de Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, com Soma e Paquito. Perdi também um festival ded hip hop, que nenhum conehcido foi. Ia rolar um monte de banda daqui, além de Racionais MC´s e MV Bill, que ouvi dizer não apareceu. Teve ainda Los Canos com Autoramas, mas pelo menos esse eu tive chance de ver na antiga Mad Zoo, agora Colapso, na quarta-feira. Para a turnê pelo Nordeste o Autoramas teve que vir sem a baixista Simone, que ficou no Rio por causa de problemas pessoais. Pena, porque ver Simone no palco é bacana. O surpreendente é que a banda ficou muito boa mesmo sem o baixo. Gabriel mudou a equalização da guitarra e deu conta. Dá-lhe os pequenos hits da banda, como "Fale mal de mim" e "Autodestruição", hora que ele quase se arrebenta ao cair do amplificador. Falou uma ou outra, como "Eu não Morri", mas foi melhor do qu eo show que fizeram aqaui no Havana. O Calypso rende mais, mais junto ao público, mais rock entrando pelas têmporas. Melhor ainda que fizeram uam versão muito foda de "Blue Monday", do Nrw Ordedr, além de tocarem "1, 2, 3, 4", clássico da banda anterior de Gabriel, o Little Quail. Essa música só me lembra o afilhado de uma ex-namorada, porque com esse e alguns outros discos fazia o guri (filho de pagodeira) ouvir rock com 5/ 6 anos. Hoje o guri só ouve rock e vem falar comigo que comprou taç CD. Massa. Autoramas fechou bem o ano que o rock brasileiro deu as caras de vez em Salvador. Ano que vem é a vez das bandas internacionais.

12/11/2003

V Mercado Cultural
Pronto. Agora estou livre do Mercado Cultural e posso escrever um pouco. E claro, tenho que dedicar algumas linhas ao evento, que este ano se consolidou de vez no resto do país, com uma grande cobertura da mídia nacional. Jornal Nacional, MTV, O Globo, JB, Folha, jornais internacionais, Metrópolis e vários outros veiculos. O melhor é que o Mercado nem precisa da grande mídia, ele já é um suceesso há alguns anos, servindo para provar que mercado, esse da grande indústria é balela, dá para sobreviver e trabalhar muito bem sem precisar se desvincular de trabalhos bem feitos. Você podee até não gostar de tudo que se apresenta no Mercado, mas não dá para negar a qualidade do evento e a excelente iniciativa de trazer nomes de tudo quanto é canto. Dos vários shows apresentados, trabalhando, não consegui ver nem o que achava imperdível, por isso perdi Bojo, DonaZica, Xique Baratinho, Stela Campos, entre outros. Em compensação deu para ver muita coisa interessante, esse ano para mim as atrações nacionais deram um banho nas internacionais. O Pelourinho foi palco das melhores coisas que vi, desde os ritmos nordestinos de Bule-Bule, passando pelo forró sem sanfona e com um realejo de João Pernambucano, o rock latino dos peruanos do La Sarita, os uruguaios do Abuela Coca, a música das meninas da Comadre Fulozinha, a explosão de frevo e mangue beat com a Orquestra Spok Frevo de Recife. O TCA rendeu bons shows, apesar de meu estado não ser o ideal para ver shows num ambiente acomchegante daqueles. Os destaque para mim lá foram as duas sambistas Mariene de Castro e principalmente a versão femininina de Paulinho da Viola, Teresa Cristina, com uma linda timidez e seu grupo Semente. Muito bom o encerramento com Siba e a Fuloresta e Los Jubilados, mas rendederiam MUITO mais num espaço que as pessoas pudessem dançar. Decepção mesmo foi Ani DiFranco e Lenine. Decepção para os outros. Lenine para mim só provou ser um agrande farsa. Não, ele não é um lixo, mas não merece nem de perto tantos fãs e endeusamento. É um bom músico um bar chique moderno. Ainda peguei algumas atrações na FALA (Feiras de Arrtes), ganhei CDS, livro... O importante é dizer que o evento altera a cidade, dá uma atmosfera que Salvador deveria viver com mais intensidade. Troca de informações, gente interessante na cidade, cultura saindo por todos os poros. Pena que ainda há peconceito por parte de alguns que preferem ficar em casa vendo TV. Azar deles. Salvador tem um dos eventos culturais mais importantes do planeta, só não vê quem não quer.

12/01/2003

Rock para quem não ouve rock

É sintomático. Formada nas divisões de base do rock baiano, Pitty definitivamente entrou na primeira divisão do mundo das guitarras no Brasil e volta para Bahia - pela segunda vez depois de sua explosão no sul do país - com moral para tocar num dos templos da axé music. A baianinha não se fez de rogada e mais uma vez comprovou que o estado dos atabaques também pode ser das guitarras. Bola dentro. Num show coeso, com Pitty acompanhada de feras do rock baiano (Duda na batera, ex-Lisergia; Joe no baixo, ex-Dead Billies e Peu nas guitarras, ex-Dois Sapos e Meio), mostraram que fazem rock de qualidade, com boas influências e peso suficiente para agradar o público sedento por barulho que foi ao Pier Bahia neste domingo.

Além de desfilar as músicas de seu disco, com destaque para os hits “Máscara” e “Admirável Chip Novo”, cantadas em coro pelo público, a banda fez ainda duas boas ações. A primeira em louvor ao rock baiano, levando ao palco duas de suas principais representantes, Nancyta e Rebeca Matta que cantaram juntas “Deus lhe Pague” (clássico de Chico Buarque). A segunda foi um favor aos bons sons e um presente para os adolescentes presentes, que podem nem ter dado muita atenção, mas a grande parte ouviu pela primeira vez uma música da antológica banda Velvet Underground e dos também muito bons Queens of Stone Age. Alguém imaginaria aquela baianinha que tocava numa banda de hardcore fazendo esse sucesso todo na terra que há um tempo atrás só dava atenção a balançar de bundas?

E para quem ainda duvida que rock aqui tem público e, melhor, um futuro promissor, bastava ver que estavam presentes mais de três mil pessoas e sua maioria não tinha mais de 18 anos. Rostos sem barba, gorros da moda, camisetas de Blink 182 a rodo e hormônios sedentos por barulho. Todos naquela fase que a exigência musical não ultrapassa o conhecimento da música que rola através das rádios ou da TV. Quase todo mundo passa na adolescência por uma fase de descoberta e de se inserir no que todo mundo está ouvindo. Nos dias de hoje, é o hardcore melódico que faz a cabeça. Então dá-lhe letras pretensamente bem feitas, guitarras jorrando barulho, peso na bateria e trilha-sonora perfeita para pular e gritar por hora as fio. Para quem ainda não conheceu os melhores sons do mundo do rock, pode ser apenas um começo.

É aí que aparecem as bandas não tão boas, mas com suas funções. Caso da CPM 22, responsável por abrir a festa no domingo. As letras quase todas travam diálogos “Eu” falando para “Você”, repetidas vezes. Falam quase sempre de amor, de forma bem básica, como a própria música. Herdeiros de um som que é sucesso pelo mundo desde os anos 90, um punkzinho pop e envernizado, a CPM 22 não tem um pingo de ousadia e as músicas são todas muito parecidas. Mas os fãs não se importam, querem mesmo se divertir. E rock é isso, ou não? Pois apesar de não mudar a vida de ninguém, a banda contribui para que aqueles meninos e meninas possam entrar num mundo diferente do que é induzido pela indústria. O rock pode não estar salvo, mas ouvindo e gritando junto com aqueles carinhas fazendo rock se abre um leque de novidades. Do CPM22 pula pro Planet Hemp, para o Ramones, daí para o mundo punk, depois se descobre o Stooges, o MC5, o Television, as bandas que estes influenciaram e não se pára mais. Esta é talvez a função dos CPM22s da vida.
Lampirônicos
Ponto também para o Lampirônicos, que fechou a noite com seu repertório rock, eletronices, ritmos afros e temperos nordestinos. Ganharam o público com covers rockers de Riachão, Carlinhos Brown e Raul Seixas. Renovados, com Vince no vocal, são uma boa aposta par ao rock baiano deslanchar ainda mais.