12/29/2005

2005 foi assim

Salvador finalmente viu uma banda internacional de relevância e sem estar na fase decadente. O Placebo encheu a Concha no Claro que é Rock e abriu as portas para shows internacionais na cidade. Que venham os próximos. Em 2006 já tem show garantido, já que a cidade vai ser incluída na programação do Tim Festival.

Destaque: Ronei Jorge
A seletiva do Claro em Salvador foi, aliás, o evento do ano na cidade. Oferecendo espaço para boas bandas locais. Os vencedores foram o público e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, que acabou se destacando como o melhor grupo do ano na cidade. Ficaram na segunda colocação na final do festival em Sampa, mas sedimentaram um enorme público em Salvador, tocando no Festival de Verão e chegando a colocar em outra oportunidade [e praticamente sozinhos] mais de mil pessoas na Concha. Tocaram também em diversos pontos do país, com destaque para festivais como Mada (Natal) e Goiânia Noise (Goiânia). Para terminar lançaram de forma independente um excepcional disco no fim do ano.

Até o Festival de Verão acertou

O Festival de Verão deu uma falsa esperança de uma melhora. Acertou em escalar alguns bons nomes no palco principal [Maria Rita, Marcelo D2, Camisa de Vênus, Pitty etc] e mais ainda no palco alternativo. A noite da gravadora Deck foi um sucesso, com excelentes shows [destaque para Gram, Matanza e Dead Fish]. O maior acerto, no entanto, foi realizar uma noite apenas com bandas do rock baiano, com destaque para o já citado Ronei e a The Honkers, que fez um showzaço com direito a destruição de instrumentos e destaque em telejornais.

Brasil a fora
Foi a The Honkers quem mostrou que dá para encarar a estrada fazendo rock. A banda começou o ano realizando sem nenhum apoio uma mega turnê por metade do Brasil, do Rio Grande do Sul a Teresina, incluindo ainda a Argentina. Eles ajudaram na consolidação do rock por estas plagas em 2005. O rock baiano mostrou sua força, muito graças a Pitty. No rastro, a Cascadura continuou a consolidar seu trabalho desde que foi morar em Sampa. Quem ganhou espaço também foram as novas Canto dos Malditos na Terra do Nunca, sendo destaque na MTV, Sangria, A Sangue Frio e Automata rodando algumas partes do país. A Retrofoguetes, que tocou muito por aqui [até numa apresentação num festival de música instrumental que rendeu] e em outros estados, e provou estar entre os melhores grupos do país. Além da Cobalto, que encarou ir tocar na Europa. Outra constatação de um bom 2005 foi que a firmação do rock no interior do estado, com festivais em Camaçari, Vitória da Conquista e Bom Jesus da Lapa.

Festivais
Fora daqui, os festivais capricharam, sejam os mais independentes se consolidando cada vez mais (Mada, Abril Pro Rock, DoSol, Goiânia Noise, Demo Sul), sejam os maiores, que movimentaram os aeroportos do Brasil com nomes internacionais de peso. Curitiba Pop Festival (Mercury Rev, Weezer, Raveonnetes), Tim Festival (Strokes, MIA, Arcade Fire, Wilco, De La Soul, Kings of Leon, entre outros), Claro que é Rock (Flaming Lips, Sonic Youth, Iggy Pop, Nine Inch Nails etc). Cada vez fica mais evidente que falta um festival de verdade em Salvador. Vale destacar ainda o sucesso do rock com base independente no mundo [inclusive no Brasil], a volta da Bizz, a consolidação da OutraCoisa, a explosão dos MP3 Players, o ressurgimento de bandas mortas e a volta de Madonna.

12/19/2005

Tim Maia Racional

Acho que todo mundo já sabe que o ultra clássico e raro disco Racional de Tim Maia, gravado em dois volumes, vai ser finalmente lançado em CD. A briga estava entre a gravadora Biscoito Fino e a Trama,mas a última venceu a disputa. Gravados entre 1974 e 1975, o disco traz um estranho e belo trabalho de composições de quando Tim Maia estava afundado no mundo da seita Universo em Desencanto. No álbum, Maia faz uma divulgação religiosa atípica na música brasileira - em grande parte das letras sugere ao leitor que leia o livro guia da seita - mas de uma qualidade impressionante. Os discos originais em vinil são peça raras, chegando a custar R$500. Racional em CD ainda não tem data marcada para lançamento, mas por enquanto apenas o primeiro volume mais alguns compactos serão lançados ainda no primeiro semestre de 2006.

Mutantes resmasterizados

As obras-primas obrigatórias dos Mutantes estão sendo relançadas em CD com cópias remasterizadas. O pacote inclui os álbuns “Os Mutantes” (1968), “Mutantes” (1969), “Tecnicolor” (1970), “A divina comédia ou Ando meio desligado” (1970), “Jardim elétrico” (1971), “Os Mutantes e seus cometas no país dos Baurets” (1972) e “O A e o Z” (1973), além do segundo solo de Rita Lee, “Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida” e “A banda tropicalista do Duprat”, do maestro mago Rogério Drupat. Este dois últimos contavam com a participação do grupo. Os CDs trarão as capas originais em CD e textos do pesquisador Marcelo Fróes.

12/16/2005

Alanis?

Parece quea atração de peso do Festival de Verão será a cantora Alanis Morissette. Um bom nome se levarmos em conta a carênciade shows internacionais de peso por aqui e a péssima programação do festival. Mas em minha modesta opinião a melhor coisa que essa senhora fez foi interpretar Deus no filme "Dogma" de Kevin Smith, e issoporque ela não falava nada.

De volta... com notícias

Vou soltar hoje ainda algumas coberturas de shows que vi no Mercado Cultural
Para começar, o que todo mundo já deve estar sabendo, os boatos de que Fat Boy Slim viria para Salvador se confirmaram. O DJ vai ser a principal atração do Bloco Skol, se apresentando no último dia da festa. O bloco também terá mais uma vez o cantor Falcão (O Rappa) e a banda A Zorra. Bom, só pela presença de Fat Boy Slim, já vai ser o melhor carnaval em anos.
Entre as novidades por aqui na Bahia, o Retrofoguetes relançou o excelente EP "O Natal do Retrofoguetes" , só que desta vez em compacto vinil pela Monstro Discos, de Goiânia. Quem recebeu em CD ano passado sabe como vale a pena.
Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta não ganharam o Claro que é Rock, mas talvez tenha sido melhor. Eu pelo menos sou dos que acha que ser independente é um caminho, artisticamente falando, melhor. Evidente, que mais trabalhoso, mas o que vale é a qualidade permanecer. O bom é que a banda já lançou o novo CD que está excelente. Alguns podem até estranhar no início, mas ouvindo com calma vai se acostumar com os novos arranjos, já que as músicas são de altíssimo nível. QUem vai gravar uma música do grupo é Maria Alcina. A cantora, que lançou um excelente disco com a banda paulista Bojo e gravou uma música de Wado, escolheu muito bem. Ela vai dar nova versão a "O Drama", um dos "hits" de Ronei Jorge. Mundo Livre S/A toca aqui dia 7 de janeiro, Wander Wildner toca dia 12 do mesmo mês.
Mas é lá no Brasil que o bicho pega. Lembra do último post que fala em U2, Rolling Stones, Oasis e Jamiroquai no país? Pois tem mais, bem mais. Depeche Mode, Seal, Bob Dylan, David Gilmour, Simply Red e Donna Summer estão quase certos para shows no Rio e em São Paulo. O Supergrass está sendo cogitado como principal nome para o Campari Rock, em abril, só em Sampa. Madonna também está com o pé aqui, com show da nova turnê "Confessions on a Dance Floor". Millencolin já está com datas certas entre 9 e 12 de março. Tem ainda Franz Ferdinand quase certo abrindo para o U2, além da versão brasileira do Sónar, Porto Musical, Rec Beat e Abril Pro Rock pela frente. É aquela coisa, depois que quase todo mundo tocou em 2005, resta saber quem vem agora. Quem falta?
Mas não são só flores que nos cerca nesses dias. O Festival de Verão, que tinha dado claros sinais de evolução na programação deste ano, volta a apostar no mais do mesmo. Nem o palco 2 (Alternativo) salva, pelo contrário, foi o principal atingido. Se em 2005 algumas bandas vieram trazendo alguma novidade, como Gram, Matanza e Dead Fish, e outras bandas baianas tiveram um merecido espaço, caso de Honkers, Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta e Radiola, a coisa mudou. Para muito pior. Nem dá para ter como desculpa a falta de público, tanto o palco Rock Bahia, quanto o da Deck receberam um público muito bom, surpreendente para alguns até. No próprio site do Festival de Verão a noite Rock Bahia foi votada como o melhor palco alternativo. Se os organizadores dizem que seguem o que o público pede... falta coerência.
Tudo bem, ainda dá para se salvar algumas atrações, na noite da Trama tem Otto, que fez um show excelente semana passada por aqui. Os paulistas da Cansei de ser Sexy não devem fazer feio, vale a curiosidade. Assim como as bnadas da noite da Sony/ BMG: MopTop, Luxúria, Medulla e FURTO, que acho fraco, mas diante do resto... Agora, Não dá mais para engolir gente como Cláudio Zoli, homem que em sei lá quantas décadas de carreira consegiu emplacar um hit lá nos anos 80 e que nem boa música é. Max de Castro é dispensável. Os astros podem iluminar Carlinhso Brown a escolher boas atrações para os outros dias do palco. Mas reparem. Nada de rock daqui da Bahia. Grande mancada de 2006 desde já. No palco principal do festival quase nada se salva, com bom humor dá pra incluir algumas coisas. Los Hermanos, A Cor do Som, Pitty e Paralamas. Mas..., sim há um mas na história, parece que estão querendo incluir uma atração internacional de peso na escalação. Isso pode ser muito bom, mas também pode ser muito ruim. Infelizmente, um festival que escala gente como Marjorie Estiano, Jamil, Bruno e Marrone e Biquini Cavadão não dá para levar a sério. Os grandes nomes do axé infelimente ainda vamos ter que engolir, mas os próprios patrocinadores do Festival de Verão já estão dando como os últimos tempso do axé. Alguém tinha dúvidas?

Ah! não esqueçam de ver "King Kong" e Cinema, Aspirinas e Urubus", filmes praticamente opostos, mas ambos muito bons, cada um em seu mundo, cada um em sua forma e em sua proposta.