5/29/2003

Coletânea
Jabá - As rádios sempre alegam que não praticam o jabá (propina para determinados artistas tocarem na programação). Pois bem, faça um teste. Ouça as principais rádios da cidade, sintonize em horários parecidos durante dias seguidos e veja como a programação é bastante parecida. Além do pagamento de gravadoras e empresários para seus artistas tocarem, existe também o pouco conhecimento de programadores para as novidades da música brasileira e mundial. Então dá-lhe flash-back e repeteco. Telefone, mande e-mail, reclame. Peça a música que você gosta. Rádio é concessão pública.

Garotas de responsa

Não deveria ter essa de diferenciar homem ou mulher, menino ou menina, fazendo rock ou qualquer coisa. No fundo tem um pouco de machismo nessa história. Mas, querendo ou não, o fato é que as garotas estão invadindo o palco (e também o público) e mostrando que esse papo de rock ser coisa do sexo masculino já era.

No último domingo, um evento chamado “Rock de Batom” reuniu alguns dos novos nomes do cenário. Foram bandas que contavam sempre com garotas em sua formação. Algumas não tão novas, como Lilit, mesclando MPB e rock e a Ulo Selvagem, fazendo um hardcore e punk estalando os ouvidos.

Um dos destaques da noite foram as meninas da Uninvited, banda com menos de duas semanas de formada, mas que fez um grande show. Música próprias, covers de Nirvana, Radiohead, Offspring e Alanis Morrisette serviram para agitar, e muito, o público. A banda tem futuro. É para ficar de olho na vocalista e guitarrista Jerusa Leão, que no alto de seus 20 anos, mostra competência vocal e uma presença de palco invejável para muito marmanjo.

A noite teve ainda o rock barulhento da banda de Lauro de Freitas Boneca Kaolha, o grunge do Playground, além da Lucy in the Sky, que com uma boa vocalista recebeu Rebeca Matta para cantar o “hino” da nova geração de garotas roqueiras: “Garotas Boas vão pro Céu, Garotas Más vão pra Qualquer Lugar”.

Outra banda de meninas que vem ganhando espaço é a Dirty Dolls. Formada por cinco garotas de não mais do que 20 anos, elas fazem new-metal de responsa. Se você imagina que uma garota com esta idade não sabe tirar sons guturais de dentro dos pulmões, preste atenção nas vozes que a baixista Carol faz, parece até que tem um monstrinho dentro da boca. Bonitinhas e barulhentas.

Essas e outras garotas são herdeiras de outras roqueiras baianas, quase uma tradição nessa terra. Nancy Viegas é talvez uma das abre-alas dessa história, pelo menos das que ainda se mantêm em atividade. Ela fez parte da histórica banda Crac! e hoje faz, ao lado dos rapazes do Grazzers, rock de primeiro nível. A banda Rabo de Saia, que gerou Érika Nandi (ex-baixista da Penélope) e a agora cantora Lan Lan, foram outras que deram início a essa linhagem.

As meninas da Penélope também são influenciadoras do rock baiano feito por mulheres. Elas estão lançando o terceiro disco, com direito a turnê pela Bahia. Outra que despontou no meio mais alternativo e hoje brilha é Pitty. A ex-Inkoma vem colecionando elogios de seu novo trabalho, agora solo, despontando em paradas de mais pedidas na MTV e rádios de outros estados. O mulherio tá solto. (luciano matos)

Os sábados a tarde estão votlando a ficar legais e cada vez mais rock. Perdi o lançamento dos cds da Honkers e Rewinders na Berinjela, mas quem foi (e pelo que soube muita gente) disse que foi massa. Mas aí, o pessoal da São Rock (loja de Cds daqui de Salvador) reslveu voltar com um projeto antigo que rolava há anos atrás quando o dono, Tony Lopes, capitaneava a Na Mosca nuam ruazinha do Rio Vermelho. A primeira Matinê da São Rock foi muito boa. Metade do rock baiano que importa prsente, gente bacana, pessoas curiosas, loja cheia e a Brinde fazendo um de seus melhores shows. O final de tarde até combina mais ocm a banda do que a noite. Eles estão se soltando mais e dá pra ver isso no peso, inclusive, estão cada vez mais rock. Massa. Desfilaram seus hits, sim, não tem outra forma de chamar aquelas músicas. Pra melhorar ainda mais incluíram vários covers. Beatles, Stereophonics, Kinks, Supergrass, Smiths, The Who e, claro, dois do Pixies: "Wave of Mutilation" e "Alison". Muito bom.

Outro filme bem bacana brasuca que viestes dias foi "O Homem que Copiava". Esse indico pra todo e qualquer ser com o mínimo de sensibilidade. Leve, divertido, muito bem feito. Acho que é tudo que o cinemão americano vem tentando fazer e não consegue mais. Unir simplicidade, com humor e inteligência. Também o diretor e roteirista é ninguém menos que Jorge Furtado, o homem por trás do clássico "Ilha das Flores"(quem nunca viu esse documentário trate de ver logo) e de um dos melhroes filmes do ano passado, o também leve, mas mais adolescente "Houve uma Vez Dois Verões". Tudo bem que em "O Homem que Copiava" tem também Leandra Leal. Essa menina é uma graça, deu vontade ed perguntar se ela gostava de cerveja (quem viu o flime vai entender a piadinha cretina), mas soube que ela tá namorando com o Lirinah do Cordel do Fogo Encantado. Bom, o filme tem um roteiro que de cara parece até bobo, mas a forma ocmo Furtado conta a história é que é magistral. Lázaro Ramos é o tal homem que copiava que apaixonado faz de tudo por Silvia (Leandra Leal). Às vezes parece até comédia de erros, mas não, ele sempre se sai bem. Ahco que metade dos homens (os mais tímidos) se vêem um pouco ali na tela. Grande filme. Todos atores estão ótimos, dos já citados, passando por Luana Piovanni, Pedro Cardoso... Fotografia, edição, direção, tudo de altíssimo nível. Quem precisa de Babencos?

5/17/2003

Tempão sem poder escrever. Assisti semana passada dois grandes filmes brasileiros. Quem tem preconceito fique em casa e vá ver tela-quente mesmo, azar seu. Tudo bem que Durval Discos eu não recomendo para todo mundo. Visto o número de pessoas de bom gosto que falaram mal do filme, não é indicado paa todos de jeito nenhum. Eu achei MUITO bom. Lado A Lado B. A diretora e roteirista Anna Muylaer sabe o que faz, primeiro deixa o público confortável na poltrona, rindo, se divetindo e quase dançando com a ótima trilha, que inclui Novos Baianos, Jorge Ben, Tim Maia, Gilberto Gil, entre outros. Depois dá uma virada absurda, beirando o surreal. Alías, tem uma cena que parece quadro de Salvador Dali, apesar de ser verossímil. De novo. Apesar dos absurdos, tudo é verossímil. Basta aceitar. O filme não é um primor técnico, mas tem um roteiro bastante interessante. E a virada no filme é o que faz alguns odiarem e outros amarem. É mais ou menos o lance de tomar a pílula (já que está na moda e acabei de ver Matrix) e aceitar o que é mostrado. A história gira em torno de Ary França um cara entre os 30 e 40 anos entediante de um solteirão sem muito charme. Ele mora com a mãe e sugere que contratem uma empregada, o que faz tudo mudar. Vá ver, mas não me culpem se odiarem.

FELICE
Ontem teve show no Havana. Sons indie até a medula. O que mais me fez sair de casa foi a Declinium, banda de Dias D'Ávila. Há muito tempo me falaram da banda (acho que David da Modus Operanti foi o primeiro), desde então fiquei curioso em conhecer, apesar de achar o nome horrível. Um problema inacreditável no microfone/ saída de voz atrapalhou o show (a voz sumia e voltava a todo momento), mas deu para sentir a qualidade da banda. Como é bom ouvir duas guitarras distorcidas chiando em nossos ouvidos. A camisa do Jesus & Mary Chain usada pelo vocalista não negava as influências. Muito boa a banda, quero ver um show normal. Tô co o CD, mas não ouvi ainda. Legal que no show tocaram ainda uma cover do Joy Division (talvez a influência mais direta) e Second Come (boa surpresa no repertório). Os problemas na voz continuaram no show da Brinde. Muito chato e incômodo, mas deu pra ver que a banda realmente está aumentando aos poucos o volume das guitarras. No final resolvram o problema, pena que a cover de 'Wave a Mutilation", Pixies, tava com o problema ainda. Teve ainda cover de Kinks e Smiths (muito boa por sinal). A brincando de deus fez mais um show bom. Eu não tava muito no clima, mas os caras estão afiados. Músicas antigas e novas e o público mais uma vez meio que em delírio. Lançam um single e começam turnê semana que vem. Boa sorte para eles.

Muito legal a participação da The Honkers no TV Revista
Rodrigo e Brust meio timidos, mas dando boas aulas de rock, falando de garage, surf music, ska.
E tocaram 3 musicas que ficaram bem legais
Ponto para o (bom) rock, invadindo tudo quanto é espaço.

5/15/2003

Não sei se todo mundo sabe, mas colaboro semanalmente com uma coluna no Caderno Dez! do Jornal A Tarde.
Além de notas sobre música, quase toda semana tem um texto sobre discos, bandas, cenas, festivais...
Bom, como o acesso ao jornal é restrito a assinantes vou disponibilizar o textos aqui. Segue o de hoje, com as notas abaixo:
A aventura de Los Hermanos
A primeira impressão que a maioria das pessoas teve com a banda Los Hermanos foi conseqüência do sucesso de “Anna Júlia”. Caminho aberto para parte do público pensar que ali estava mais uma bandinha pop de um sucesso só e desprezar aqueles caras que posavam de rockers, mas não passavam de boys da zona sul do Rio de Janeiro fazendo musiquinha boba. Erraram as duas partes. “Anna Júlia” foi o primeiro sucesso para o grande público de uma das melhores e mais interessantes bandas surgidas no Brasil nos últimos anos.

Não precisaram de álibi para estourar nacionalmente. Desde as fitas-demos anteriores ao primeiro disco mostravam, ao mesmo tempo, uma vertente pop e outra de reunir ritmos interessantes sempre calcados no rock.

Ganharam a boca do povo e sem dúvida ajudaram a tornar a música brasileira menos óbvia e chata, sem falar de contribuir para criação de um público musicalmente menos preconceituoso e com influências melhores. Encararam a gravadora e lançaram um trabalho tão ousado quanto de alta qualidade. “Bloco do Eu Sozinho”, segundo disco da banda, virou marco e já é tido como um dos melhores da história da música brasileira.

Tanto lenga-lenga para dizer que a banda está colocando no mercado um novo disco, “Ventura”, que antes mesmo de finalizado já estava circulando pela internet em formato MP3 (fato inédito no país). Assim como no “Bloco...” é difícil definir o som da banda, mas quem precisa de rótulo para saber o que vai ouvir pode parar de ler e correr atrás dos discos do Charlie Brown Jr. ou de Sandy & Júnior.

O que se está falando aqui é de música, tratada da melhor forma, com coração, inteligência e alma. Os Los Hermanos não se incomodam em agradar, querem fazer a música que consideram boa para eles mesmos. E conseguem. Fazem samba, inserem sopros, escrevem letras às vezes meio difíceis, criam belas canções pop, aumentam os volumes das guitarras, regravam Belchior. Não precisam provar mais nada a ninguém. Ouça o novo CD e se envergonhe de ter dito alguma vez na vida que não há nada de novo e bom na música brasileira atual.

Coletânea
Courtney
“Convoca-se mulheres para uma revolução internacional do rock. Entre para a banda na turnê de Courtney Love e fique famosa”. É com essa mensagem que a ex-esposa de Kurt Cobain está recrutando guitarristas e baixistas para sua nova banda. A exigência é apenas que as garotas toquem realmente seus instrumentos e que sejam “deusas”.

Deus no playground
Os baianos da brincando de deus estão em estúdio finalizando o novo trabalho, que não definiram ainda se será um EP de inéditas, um CD incluindo os primeiros trabalhos ou um inteiramente de novidades. Enquanto não se decidem, eles preparam turnê passando por São Paulo, Belo Horizonte e incluindo apresentação no Festival Bananada, em Goiânia. Como esquente para a turnê, a bd se apresenta amanhã, às 23 horas, no Havana, com as bandas Brinde e Declinium.

Breeders vem de novo
Quem não viu o show dos americanos The Breeders no Curitiba Pop Festival pode ter uma nova chance ainda este ano no Brasil. A banda de Kim Deal está tentando fechar uma turnê em outubro, tocando em São Paulo, Rio de Janeiro e outra capital. É show para não se perder.

5/12/2003

Sexta-feira passada fiz minha estréia como DJ mesmo. Já havai colocado som em festinhas e em uma ou outra ocasião, mas sexta foi numa formatura, numa boate e como único DJ. Bom achei massa e acho que o pessoal gostou. Em 5 horas de som rolou de tudo, de Queens of the Stone Age a Betty Boo. De Weezer e Foo Fighters a Boy George. De Chemical Brothers e Prodigy a Michael Jackson. Bom, a idéia é tentar armar umas festinhas mensais para animar esse marasmo de cidade. Se alguém tiver idéias (convites...).

5/01/2003

Achava que em maio não fosse estreiar grandes cosias no cinema, mas estava vendo e vai ter coisa boa no cinema sim.
16 de maio
S1m0ne
S1m0ne, EUA, 2002, Comédia
Elenco: Al Pacino, Catherine Keener, Evan Rachel Wood, Pruitt Taylor Vince, Jay Mohr, Tony Crane, Jason Schwartzman, Stanley Anderson

A Festa Nunca Termina
24-Hour Party People, Inglaterra, 2002, Drama
Elenco: Steve Coogan, Lennie James, Shirley Henderson, Paddy Considine, Andy Serkis, Sean Harris, John Simm, Ralf Little

Tiros em Columbine
Bowling for Columbine, EUA, 2002, Documentário
Elenco: Michael Moore, Denise Ames, Arthur A. Busch, George W. Bush, Dick Cheney, Bill Clinton, Barry Glassner, Charlton Heston

23 de maio

A Última Noite
25th Hour, EUA, 2002, Drama
Elenco: Edward Norton, Philip Seymour Hoffman, Barry Pepper, Rosario Dawson, Anna Paquin, Brian Cox, Tony Siragusa, Levani Outchaneichvili

The Matrix Reloaded
The Matrix Reloaded, EUA, 2003, Ficção
Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving, Matt McColm, Jada Pinkett, Harry J. Lennix, Daniel Bernhardt

Ontem voltei ao rock. Depois de algum tempo sem aparecer em shows fui para a festa de lançamento do site Music Box. No palco primeiro as bandas A Grande Abóbora (não vi) e The Orange Poem, instrumental lá nos anos 70, meio Pink Floyd com um vocalista afetado. A grande atração da noite era a Soma. Como era esperado, a banda deixou de lado as claras influências do Radiohead que dominavam sua música. Ganharam mais personalidade. A banda é muito boa. O baixista Rogério está cada vez melhor, às vezes entrando tanto no clima da música, que lembra um Yamandú Costa do baixo. A bateria forte de Duda também merece destaque. As duas guitarras da banda mostram a capacidade de criar grandes melodias. E o vocal emotivo de Rafael dá o tom da belas e pessoais canções. O novo disco da banda, que deve sair ainda este ano, promete ser um dos melhores lançamentos do ano. Para terminar o show a Insense, num show cheio de covers, alguns legais, mas sem muita novidade.

Depois de estrelar Solaris, George Clooney volta às telas, agora com sua estréia na direção. O filme é Confissões de uma Mente Perigosa, que conta a história de Chuck Barris, interpretado de forma sensacional por Sam Rockwell. Barris é um famoso criador e apresentador de programas de TV, que nas horas vagas faz o trabalho de assassino da CIA. O roteiro de Charlie Kaufman é irrepreensível, baseado numa biografia não-autorizada. Mas o que me chamou a atenção foi a direção de Clooney. Ele pode até deixar de lado sua carreira de ator, se quiser, está muito bem encaminhado atrás das câmeras. Com mão firme, ele dá uma visão própria a história, abusando de uma estética de câmeras ousadas (iluminação estourada, tonalizadades fortes) e uma primorosa condução da narrativa. O filme é leve, muito engraçado em vários momentos. Muito doida a história do cara, fiquei na dúvida se ele viveu aquilo mesmo, bizarrice demais. Quem aparece no filme (aparece é a palavra certa, porque aquilo nem é uma participação) são os atores Brad Pitt e Matt Damon, numa piadinha legal.