1/25/2005

Festival de Verão (parte 2)

O palco alternativo continou sendo mais atraente nos outros dias. Tudo bem que na sexta-feira, dava pra dividir as atenções. Simoninha fez um show simpático, acima do que esperava. Algumas covers e música pra dançar, mesclando samba com funk e black music. o irmão Max de Castro tomou caminhos parecidos. Show legais, praticamente as mesas bandas (mudava um tecladista), bom para quem passou dos 25 e se acha velho. Ai leva a namorada, dança um pouquinho e fica se achando entrosado como que seria a nova música brasileira. Seria, porque não é isso. Há muito além disso. Não vi Fernanda Porto e Cláudio Zoli, este último ainda bem.

Não vi porque corri pra assistir Maria Rita e Pitty. Parecia mesmo dia dos filhos de estrelas da MPB, mas o caso de Maria Rita é outro. Vi metade do show, soube que ela entrou meio nervosa, mas o que peguei foi uma cantora com amplo domínio de palco e do público. Solta, dançando, fazendo caretas e com uma voz lindíssima, cantou seus sucessos e surpreendeu muita gente que achou que o público ia reagir mal à música "difícil" de Maria Rita. Música boa é inconstestável, quem ousaria reagir contra?

Pitty entrou depois e não quis saber de conversa. Volume no talo, baixo distorcido e rock da melhor qualidade. Os hits ganharam mais peso e ela provou mais uma vez ser estrela de primeiríssima do rock brasuca. Covers bacanas. Placebo foi mesmo uma ousadia. Rock dos bons.

Sábado

Mas se há um nome apenas para ser guardado e lembrado desse Festival de Verão, esse nome é o da banda Gram. Desconhecidos da grande maioria dos presentes e não-presentes ao festival, o grupo paulista surpreendeu a todos e talvez até a eles próprios. A surpresa não foi pela qualidade da banda – quem já conhecia do clipe veiculado na TV sabe disso – mas sim pela sintonia que conseguiram criar com o público presente.

A Arena não havia visto até então uma reação tão calorosa a um show. Consagração. No palco, a Gram vai mais além do que no CD. Os arranjos mantêm a qualidade, mas a banda ganha mais energia e peso às belas canções, enquanto a performance e emoção do vocalista Sérgio Filho arrebatam o público. E foi assim. O público cantou apaixonadamente músicas como "Sonho Bom", "Você Pode Ir na Janela" e "Toda Luz".

O momento de sintonia proporcionou alguns dos momentos mais bonitos do festival, com alguns chorando e a banda visivelmente emocionada. O enorme público que se concentrou em frente ao palco durante toda a noite de sábado, noite da gravadora Deck Disks, parecia hipnotizado pelo som da banda. Ovacionados e com o nome gritado pelo enorme público presente, a banda detonou fazendo das doces e belas canções uma sequência de bom rock. Duas guitarras, às vezes eram três, teclado, baixo convivendo harmonicaente e criando uma sonoridade rica, com timbres interessantes e barulho calculado, bem feito e criativo. Tocaram com tesão, raiva e vontade de quebrar tudo. FODA, showzaço. De cara já um dos melhores que Salvador vai ter esse ano. Bem que poderiam ganhar mais tempo de show.

A Ludov tocou antes. A banda, também paulista, fez um bom show, mas pra mim continua sendo uma espécie de Lenine do indie-rock brasileiro. Bem envernizado, consegue enganar bem muita gente. Não que façam música ruim, longe disso, mas também estão longe de produzir algo de maior relevância. Musiquinhas simpáticas, mas que não comovem. Uma banda correta,mas que não empolga. A vocalista, Vanessa Krongold é até esforçada, mais do que bonita, mas também não ultrapassa a fronteira da competência (alguém confirma o lance da calcinha dela?).

Black Alien infeizmente não conseguiu levar pro palco as excelentes idéias contidas em seu disco de estréia. Talvez o clima mais rock´n roll tenha contribuído, mas o show foi muito morno. Assim mesmo deu para sacar as misturas de rap, black music e ragamuffin bem feitas do ex-Planet Hemp.

O Matanza ao contrário nem precisava fazer um grande show porque já tinha o público ganho. Assim como o Dead Fish. Só vi os primeiros, que com seu country-core levantou poeira literalmente e abriu as rodas de pogo na frente do palco. Bom show.

No palco principal, Marcelo D2 tratava de pagar um débito. Pagou em dobro. Depois de não poder ter tocado no Festival de Verão do ano passado por causa da chuva, o cantor colocou nas mãos as cerca de 40 mil pessoas presentes no Parque de Exposição e fez um dos melhores shows do festival.

Homenageando a todo momento o sambista Bezerra da Silva, D2 desfilou uma série de sucessos cantados em coro pelo público. "A Maldição do Samba", "Qual É?", "Loadeando", "À Procura da Batida Perfeita" foram as mais festejadas. A mistura de rap e samba funcionou muito bem. Teve ainda um pouco de rock, com músicas do Planet Hemp. Grande show

domingo

Nando Reis e Ira! fizeram o último dia valer a pena. O ex-Titãs desfilou sua série de composições que fizeram sucesso na voz de Cássia Eller, Skank, Jota Quest, Cidade Negra e ultimamente na dele próprio. Não dá para negar a capacidade do cara em fazer belas canções e fazer delas sucesso popular. Taí um cara que passeia bem entre o que é popular, fácil de fazer sucesso e mantém, pelo menos na maioria das vezes uma certa qualidade. O show foi isso, o cara eufórico, se divertindo com o show e o público se divertindo e cantando aquela enxurrada de sucessos. O cara ainda canta Wando e Roupa Nova. Muito bom.

O Ira! levou para um festival enorme o show acústico que vem apresentandop nos últimos meses. Para alguns a banda está em decadência há anos, para outros e uma feliz descoberta ou uma lembrança bem dita dos anos 80. O fato é que não precisaram se rastejar no óbvio para fazer um acústico e abrir as pernas totalmente para voltar a fazer sucesso. Pense bem. Quando você imaginaria "Rubro Zurro", do clássico Psicoacústica cantada para 50 mil pessoas em Salvador? O fato é que os caras aind asabem fazer um bom show, pena o formato acústico não se ro melhor para um festival desses, onde funciona mais músicas para dançar. Acertaram de qualquer forma, em mais um grande show. Em março estão de volta.

O saldo fo ifugir do que não prestava (tudo bem qu etive qu eouvir da sala de imprensa shows de Jammil, Psirico e Capital arg Inicial). Ouvi falar muito bem dos shows de Daniela e de Margareth, duas desse meio da música baiana que respeito. O lamentavel é ver o produtor do festival insistir em não achar que uma atração internacional não tem espaço no evento. Uma pena.