1/20/2005

Festival de Verão (parte 1)

Em uma noite onde o palco principal recebia estrelas do axé e duas bandas do rock mainstream nacional, os olhos de quem procurava boa música se voltava para o Palco Pop, que este ano ganhou o nome de Arena Vivo Motormix.
A abertura ficou com a Radiola, que tem lá sua competência ao misturar funck, rock e elementos regionais, o problema é que as referências ficam muito claras no som, fazendo a banda parecer mais uma cópia das cópias de Chico Science & Nação Zumbi.
Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta fizeram o mesmo show de sempre, mas se engana quem pensa que isso é mesmice. Longe disso. Ronei, Edinho, Pedrão e Sérgio mostraram a competência e absoluto controle do que tocam, desfilando algumas das mais belas canções que o Parque de Exposições vai ouvir nesses 5 dias de festival.
O enorme palco montado para o espaço era digno para a qualidade das bandas (apenas o som teve sérios problemas), mas a V-Out - terceira banda da noite - é que não fazia por merecer estar ali. Os garotos precisam de uns anos de rock para descobrir que não basta tocar guitarra para fazer bom rock. Entre música próprias e covers até legais, agradou só aos fãs, que até devem ser muitos, já que ganharam a votação pela internet. Fazer o que?
Fechando a noite o quinteto explosivo, The Honkers. Todo mundo pensava, o que esses caras vão aprontar? O palco enorme, sem torres, sem grandes possibilidades, deixava ainda mais curioso o público que sabia das estripulias de Rodrigo, vocalista da banda. Não que a música dos caras não seja o chamariz, o rock, garageiro com punk, ska, surf music, psychobilly cantado em inglês é suficicente para animar qualquer mortal. A questão é que a Honkers em cima do palco é como um Tsunami, vai passando por cima de tudo e sem você se dar conta já foi levado.
O som muito ruim na hora do shows dos caras não atrapalhou tanto. A energia ia crescendo. Rodrigo sempre inventando passinhos a la Morrissey, caras e bocas, e fazendo o que está acostumado. Essa história de atitude no rock é estranho, palavrinha estranha. Mas acho que atitude é isso, encarar um show como se fosse o último da vida. Ai valia subir na bateria (e ver o responsável mandar descer), pegar uma divisória de um camarote! (e ver o segurança responsável ir atrás e pedir de votla), descer do palco para cantar junto ao público, entre outras coisas. Ao ouvir os acordes de "Smile", pensei, "eles nunca mais tocaram essa música, quando tocam é para barbarizar".
Dito e certo, a insanidade tomou conta do palco. Metade da banda já estava de cuecões, quando Dimmy (batera) passou as baquetas para o roadie Sérgio, Michael (outro roadie) tomou de assalto outra guitarra, Brust pegou sua guitarra e estraçalhou no palco, só restando pequenos pedaços, que eram jogados longe, às vezes com o outro guitarrista Bruno usando seu instrumento como taco de beisebol (sim, imagens do Nirvana vieram a cabeça), enquanto Dimmy destruia vários pratos de bateria no chão e o público boquiaberto não acreditava. Em certo momento o palco estava cheio de gente, metade fazendo a farra com os instrumentos (a música continuava) e outra metade tentando salvar microfone, bateria... Os comentários na platéia era de agradecimento. "Ainda bem que eu pude presenciar isso". Histórico.